Banda marcial de nespereira
A génese da Banda Marcial de Nespereira está numa outra formada por Francisco Oliveira e seus filhos, oriundos de Paus (Resende), chamada “Banda dos Oliveiras”, mais tarde “emigrada” para Espadanedo, deixando assim um vazio no campo musical, em Nespereira.
Esta (Banda Marcial de Nespereira), que a princípio teve o nome de Banda Nova para a distinguirem da tal dos “Oliveiras”, surgiu da união de esforços dum grupo de Nespereirenses, entre os quais o Senhor José Valente Coutinho e José Pinto de Castro, seu primeiro Maestro, que algures pela segunda metade do ano de 1853 resolveram dar corpo aquilo que era até então um simples tema das suas conversas – a formação de uma banda que suprisse a falta da que havia partido.
De então para cá muitos foram os “heróis”, desde os tempos longínquos até aos mais recentes, que permitiram que a colectividade mantivesse a sua vitalidade, destacando-se talvez, pela sua prontidão, disponibilidade e polivalência, os saudosos Américo Valente Coutinho (do Paço) e Carlos Pinto Valente “Travassos”.
Não podem ser esquecidos a outro nível, os importantes contributos financeiros dos também já falecidos José Soares e José Corrêa dos Santos, que permitiram na década de 50 que a Banda prosseguisse e se afirmasse definitivamente, tendo mesmo o primeiro destes dois lançado fortes sementes na família de tal forma que o seu filho Armando de Sousa Soares, tornar-se-ia um dos maiores beneméritos da colectividade.
Apareceu em público, a primeira vez depois de meses de preparativos, no Domingo de Páscoa de 1854, razão porque ainda hoje é aberta a época, precisamente no Dia de Páscoa.
Ao longo da sua ininterrupta existência contou já com 20 Maestros, pertencendo o recorde de longevidade ao Maestro Vitorino do Amaral Semblano que, esteve à frente da Banda durante 49 anos… tendo a sua saída originado um dos períodos mais difíceis da vida da colectividade, tal como a saída mais tarde, do Regente Antero Brito.
Em 1991, e depois de alguns maestros, chega a Nespereira para dirigir a Banda, o Prof. Agostinho Vieira, que se manteve até 2002, numa relação de sucesso e que proporcionou um assinalável desenvolvimento artístico, que tem agora continuidade, sob a batuta de Alexandre Coelho, um “filho” da Banda, de quem pelas suas reconhecidas qualidades musicais e humanas se espera um futuro brilhante.
No tocante a músicos, tem sido feliz a história desta colectividade, que desde cedo se habituou a lançar para o profissionalismo, muitos e bons executantes, tendo sido o primeiro deles a integrar a então Banda do 6 (Reg. Infantaria n.º 6), Luís Vasconcelos Fonseca, que chegou a dirigir a Banda durante vários anos.
Mais recentemente, o Cap. Lemos Botelho, um clarinetista formado na Banda de Nespereira, assumiu o lugar de Chefe da Banda de Música da Região Militar do Norte, uma Banda que conta com inúmeros elementos de Nespereira, sobressaindo de entre eles Alexandre Coelho, um dos mais brilhantes executantes de Flauta/Flautim, do panorama nacional e Maestro da Banda Marcial de Nespereira.
Em 1999, marcando a viragem de milénio, dá-se uma verdadeira reviravolta na colectividade, muito por força de dois homens, Alexandre Coelho na parte técnica e Cláudio Oliveira no capítulo executivo.
Coelho, fruto do seu saber e experiência adquirida no meio musical, criou a Orquestra Ligeira da Banda Marcial de Nespereira, que o próprio dirigiu inicialmente tendo posteriormente entregue a batuta a Daniel Botelho, um jovem músico da Banda, de quem se diz ser o “homem dos 7 instrumentos”, na verdadeira acepção da expressão. Um trabalho que rapidamente deu frutos, originando mesmo o interesse de uma conhecida empresa do ramo musical, que viria a patrocinar a gravação de um CD.
Ainda Alexandre Coelho, novamente numa conjugação de esforços com Cláudio Oliveira, na altura Vice-Presidente, foram os responsáveis em 2000, pelo ressurgir da adormecida Escola de Música da Banda, que conta actualmente com 8 Professores e cerca de 50 alunos, de onde entre outras coisas, foi formada uma Orquestra de Sopros, que depois dos trabalhos iniciais sob a Direcção Artística do inevitável Coelho, passou a ser orientada pelo também jovem Alberto Leitão.
Com uma nova dinâmica de gestão técnica e executiva e graças ao respeito e admiração granjeados e a um nível crescente, que a colocou com mérito entre as melhores, surgiu na Banda o impulso de deixar as “velhas” cassetes e gravar um CD, corria o ano de 2001.
Ao longo dos anos as actuações da Banda têm-se estendido um pouco por todo o país, nos mais diversos tipos de iniciativa. Não têm faltado convites para o estrangeiro, nomeadamente Espanha e Brasil, mas dificuldades de vários níveis têm inviabilizado a anuência aos mesmos.
O ponto alto de toda uma longa mas orgulhosamente ininterrupta existência, viria a surgir a 20 de Setembro de 2003.
Sob a presidência de Cláudio Oliveira e direcção artística de Alexandre Coelho, o magnífico anfiteatro natural que é a Gruta de N.ª Sr.ª de Lourdes em Nespereira, serviu de palco a uma iniciativa inédita a nível nacional. De vários pontos do país, representando inúmeras bandas, se deslocaram músicos, perfazendo um total de 150, que durante mais de uma hora, juntos, levaram a cabo um memorável concerto comemorativo do 150.º aniversário da Banda Marcial de Nespereira.
Deste concerto, novo impulso e desta feita a gravação do primeiro DVD e Cassete de Vídeo, de todo o evento, bem como CD do Concerto Comemorativo.
Em Abril de 2006, por razões de índole particular, o até então presidente Cláudio Oliveira, entende que depois dos sucessos e implementação, graças a todos, conseguidos, é a hora da transição e abertura a novas ideias e novos projectos, deixando os destinos da colectividade, geridos agora, pelo até ali seu Vice Presidente, Manuel Matinhas.
Actualmente realiza uma média de 16/18 actuações por época, nos mais diversos pontos do país. O número de executantes é de 72 músicos, com idades compreendidas entre os 8 e os 80 anos.
Hoje como ontem, esta “velhinha” mas sempre actual colectividade, que institucionalmente e desde inícios da década de 80, tem a designação de Centro Recreativo e Cultural de Nespereira, procura dignificar os costumes passados e os usos presentes, dos Nespereirenses, para que no amanhã possa, com carinho e respeito continuar a ser apelidada de “a nossa Jaquina”.
PRESIDENTES
- Antonio Mendes;
- Carlos (Vista Alegre);
-Luiz Antonio Semblano;
- Manuel Pereira;
- Cláudio Oliveira;
- Manuel Matinhas;
- Alberto Leitão;
- Cristina Miranda.
REGENTES
- Vitorino Amaral Semblano;
- Manuel Correia;
- Américo Coutinho;
- Gomes;
- Luís Fonseca;
- Joaquim Fernandes;
- Agostinho Vieira;
- Alexandre Coelho;
- Francisco Sequeira;
- Daniel Botelho