2002/03
Competição: 2ª Divisão Distrital- Zona Norte
Classificação: 5º lugar (26 jogos, 13 vitórias, 2 empates, 11 derrotas)
Pontos: 41 pontos;
Média Pontos: 1,58 pontos/jogo
Golos marcados: 41(1,58 p/jogo)
Golos sofridos: 42 (1,62 p/jogo)
Melhores marcadores: Carlitos (10 golos); Toninho Dias (5 golos); Pepe (4 golos).
Equipas da competição: M.Beira, Santacruzense,Carvalhais, Souselo, O.Douro, Boassas, Fornelos, Sernancelhe, Arguedeira, Calde, Armamar, Alvite, S.M.Mouros,
Subiu: Moimenta da Beira
Desceu: Alvite, S. Martinho Mouros
Taça: 2ª eliminatória (Lobanense, Tondela)
Campeão Distrital:
Presidente: Isidro Semblano
Na época seguinte 2002/03, recordo-me de Isidro Semblano, vir-me convidar para assumir o cargo de Secretário de Direção do Clube, e eu fiquei entusiasmado, mas, mesmo assim, de certa forma, disse para ele: - Só aceito o seu convite se inscrever a equipa feminina no campeonato em Viseu. Ele sorriu, e afirmou que o iria fazer. Fiz de conta que acreditei, pois eu sabia como o Sr. Isidro era uma pessoa bastante persuasiva e convincente, e pensei silenciosamente para mim “Bom...o que ele quer é que eu seja o Secretário da Direção, e para isso me promete que vai inscrever, mas vai acabar por nem se lembrar”! Após mais algumas vezes de reunião, entre ele e eu, ele foi-me dizendo que já sentia algum cansaço, e queria preparar alguém para assumir toda a carga burocrática do clube, escolhendo-me a mim, e convidando-me a fazer um curso que ia haver em Viseu, da Federação Portuguesa de Futebol, para Secretário Técnico de Futebol. Eu prontamente aceitei, e dei conta de que a minha função seria como a de um secretário-técnico mesmo. Nesse Verão, realizou-se a primeira Semana da Juventude, e eu estava na organização, e num dia, que estava sentado numa das salas de aula, da Escola da Feira, onde se encontrava a Feira do Livro, a tomar conta do evento, recebo uma chamada do Sr. Isidro Semblano. Atendi, e recordo-me dele me falar, um pouco em tom desanimador: - Ercílio? Olha tenho uma notícia para ti! Este ano vais ter muito mais trabalho! Eu curiosamente perguntei-lhe porquê, e a sua resposta foi esta: - Porque eu inscrevi as “miúdas” no futebol, e vai haver o Campeonato de Futsal, e elas vão participar! A minha primeira reação foi de uma alegria tal, que, não sabia se havia de rir, se havia de chorar. Só depois, quando fui falar com o Sr. Isidro é que este me explicou quem eram os adversários, o que se fazia, etc. Mas a vida mete-nos em cada uma,não é? Nunca fui jogador de futsal, não gostava de ver futsal, e acabei treinando uma equipa de futsal. A primeira pessoa a quem dei a notícia, foi ao Daniel Vilarinho, meu adjunto. Ele também ficou muitíssimo entusiasmado. Entretanto começa a minha corrida para saber mais sobre a modalidade, e muito e ajudou a Ana Sofia Teles, que me emprestou um livro da Universidade, sobre Futsal; e a Mariana Santos, que na altura trabalhava na Junta de Freguesia, num departamento da Câmara Municipal lá instalado, que rapidamente, me arrumou o regulamento de utilização do Pavilhão Municipal Armando Costa. Entretanto, Isidro Semblano começou a preparar a época seguinte (2002/03), e então surge um novo contratempo nos planos de Isidro Semblano- e nos meus também! Daniel Vilarinho, ainda júnior, demonstrou interesse em se transferir para o Gondomar, após ter treinado lá, e o Gondomar também ter demonstrado interesse no jogador. Só que, Isidro Semblano, após reunião com a Direção, decidiu não aceitar esse pedido de transferência, tentando utilizar os mesmos argumentos que foram utilizados com o Sergito, na altura que o Ac. Fornelos pretendia o jogador. Daniel Vilarinho era um central bastante eficaz, e muito bom nas marcações, e Isidro Semblano pretendia aproveita-lo para a equipa sênior. Mas após a notícia da recusa, Daniel Vilarinho decidiu não jogar pelo Nespereira, como protesto contra a decisão diretiva. Só que aqui entra o meu debate! Revoltado com o fato, Daniel Vilarinho recusava ativamente jogar pelo Nespereira FC, só que ele era o meu adjunto na equipa feminina, e, após uma conversa minha com ele, ele aceitou continuar a me ajudar a treinar as “miúdas”. Só que, quando fui pedir a Isidro Semblano para inscrever Daniel Vilarinho como dirigente do clube, a resposta que recebi foi esta: - Não posso Cilo...o Daniel sabe bem que, se quiser continuar aqui, tem que jogar aqui! Para inscreve-lo, ele tem que parar com essa birra! Como conhecia o Presidente, eu sabia que ele era uma pessoa bastante decidida, e não ia adiantar de nada tentar debater a idéia do Sr. Isidro. A mim, nada mais me restou, senão dar a notícia ao Daniel, de que ele não ia poder ser o meu adjunto, por causa de um diferendo completamente à parte da situação em causa, e que acabou por me prejudicar. Mas mesmo assim, Daniel Vilarinho não deixou de me dar apoio, e sempre acompanhou atentamente a progressão da equipa feminina. Voltando à gestão, Isidro Semblano, demonstrava imenso entusiasmo na época que se avizinhava, e então resolveu inscrever o Nespereira nas seguintes categorias, na AF Viseu: 2ª Divisão Distrital- Zona Norte; Taça Sócios de Mérito; Infantis, Iniciados, Juvenis, Júniores, Futsal Feminino. O Nespereira FC era o clube, sem ser concelhio, que mais votos tinha na AF Viseu, nessa época. Após isto, o próprio presidente assumiu a função de treinador do Nespereira FC. O primeiro jogo que o Nespereira teve nessa época, foi contra o Lobanense, em casa, para a Taça, e que o Nespereira venceu por 3-0. Jogos para recordar dessa época, tem a deslocação de Nespereira a Moimenta da Beira. Moimenta da Beira apresentava-se como uma das equipas candidatas à subida de divisão, e ainda não tinha perdido um único ponto. Isidro Semblano, que costumava jogar em 4-4-2, dessa vez, optou por jogar em 4-5-1, com Carlitos a ser o único atacante, e pedindo para Quim vir apoiar a defesa, do lado direito, até porque era a estréia do “inexperiente” Rui Teles como titular, principalmente a jogar a defesa direito. O Nespereira marcou a meio da primeira parte, através de um contra-ataque de Carlitos, indo para o intervalo a ganhar por 1-0. No ínicio da segunda parte, o Moimenta da Beira empatou o jogo, e começou a pressionar imenso, mas com o Nespereira a defender muito bem, com Hernâni e Nuno Cardoso em evidência, durante o jogo todo. Então, numa jogada de contraataque, pela direita, Sérgio Silva cruza a bola, e Vítor Andrade apareceu no segundo poste marcando o 1-2, explodindo de alegria o “banco” nespereirense. O Nespereira recuou, e a partir daí, conseguia defender muito bem, e o tempo ia passando, aumentando a fúria do público do Moimenta da Beira. Numa determinada situação, Isidro Semblano resolve tirar Rui Teles, e faz entrar José Júlio. Na saída de Rui Teles, um senhor já de certa idade, com um capacete na mão, acompanha-nos desde o meio de campo até ao nosso “banco”, a insultar o Rui Teles, e ameaçando, mas com o Rui Teles impávido e sereno, sem ligar ao que o adepto dizia. Nessa altura, ele encostou-se ao nosso “banco” e continuou a insultar, só que desta vez, o “banco” inteiro. Eu, numa tentativa de acalmar os ânimos, dirijo-me ao senhor, e digo-lhe: - Ó meu senhor! Não há necessidade disso! Não precisa se exaltar assim. Mas, o homem não me deu ouvidos, e começou a me insultar, só que eu com o meu jeito às vezes destemido, respondi para o senhor: - O senhor podia ter mais juízo na cabecinha...já tem idade! Maldita hora que abri a boca! De repente, vejo uma multidão que estava encostada à grade, deslocar-se em direção ao banco, e nos fazer passar cerca de 15 minutos debaixo de insultos constantes. Voltando ao jogo, mesmo no final, já em tempo de descontos, num pontapé de canto, o Moimenta da Beira empata o jogo, evitando a derrota em casa. No final, já na saída do campo, um dos jogadores do Moimenta da Beira se dirigiu a mim, encostou o dedo à minha cara, e ameaçou-me, chegando depois vários outros jogadores do Moimenta da Beira, que me cercaram, e de repente senti um impacto na minha cabeça, que foi o guarda-redes do Moimenta da Beira, que me agrediu, com um soco na parte de trás da cabeça. Fui salvo pelo Puck, que entrou no meio da confusão, e me retirou dali empurrandome para fora! Nos vários anos que estive no futebol, foi a única vez que me agrediram! Ainda tentei falar com o árbitro, que assistiu a tudo, mas este negou ter visto algo! Esta foi a minha primeira lição para o futebol distrital: Em caso de confusão, ali prevalece a lei da selva! Vence o mais forte! Não vale a pena tentarmos recorrer às autoridades, como a arbitragem para resolver uma situação deste gênero. Depois, na semana seguinte, tivemos outra deslocação complicada: Sernancelhe! Num campo imenso, o Nespereira jogou com o Sernancelhe, de maneira bem renhida, e muito corajosa! O Nespereira esteve ganhando por 3-1, com golos de Nuno Cardoso, e dois tentos de Carlitos. Paulo Monteiro fez uma exibição espectacular contra o Sernancelhe, sendo ele o assistente dos dois golos de Carlitos. O Sernancelhe ainda reduziu para 2-3.Mas, no final, num livre, Sérgio Silva e Jorge Ramalho atrapalham-se, e Sérgio Silva acaba por fazer auto-golo, permitindo ao Sernancelhe o empate. No final, os jogadores do Sernancelhe estavam muito exaltados, e protestavam contra o árbitro, e após a equipa do Nespereira já ter entrado para os balneários, alguns jogadores do Sernancelhe agrediram fisicamente o árbitro, na entrada do acesso aos balneários. Isidro Semblano ainda estava do lado de fora, e como foi preciso a intervenção da GNR, para retirar o árbitro do meio da confusão, Isidro Semblano encostou-se ao árbitro que estava sendo abraçado pelo oficial da GNR, e que ameaçava os jogadores de prisão, caso alguém tocasse nele, e disse muito discretamente: - Senhor árbitro, isto é um escândalo! Ponha isso no relatório! Se for preciso, eu serei sua testemunha!- Mas, creio que o árbitro nem deverá ter referido este incidente no seu relatório. O regresso de um “derby” também é motivo de referência. Neste caso, com o Souselo. Em casa do adversário, o Nespereira começou o jogo de melhor forma, aos 7’ de jogo, Paulo Monteiro, de cabeça, põe o Nespereira em vantagem no campo do Souselo. Após isto, o jogo começou a endurecer, e o nosso guarda– redes Jorge Ramalho, teve de sair substituído por Pedro Semblano. O Nespereira iria sofrer o golo do empate ainda antes do final da primeira parte. Na segunda parte, Isidro Semblano, mexe na equipa, e troca Rui Teles por Pepe, e Paulo Sérgio por José Júlio. A imaginação de Pepe não ajudou muito na altura, e o Souselo, num lance muito duvidoso, iria alcançar a vantagem, num lance precedido de uma falta inexistente. No final do jogo, depois de ganharem o jogo, o guarda redes e o capitão da equipa, na altura dirigiram– se ao público nespereirense, maioritariamente mulheres, e fizeram gestos obscenos, debaixo do olhar indiferente do árbitro, realizando uma triste figura!!! Nessa época, baseado numa folha que Isidro Semblano fazia semanalmente, com os resultados e classificações dos campeonatos, e expunha nos diversos cafés da freguesia, idealizei uma espécie de folheto, tipo jornal chamado “Bola do Ardena”, com os resultados, equipas e apreciação do jogo, que mostrei ao mesmo, mas ele não se mostrou muito interessado no possível projeto, que o deixei na gaveta.
A partir do próximo jogo, o ambiente dentro do balneário nespereirense iria ficar mais pesado. O Nespereira recebeu a equipa do Carvalhais, e a equipa visitante marcou primeiro, saindo para o intervalo, ganhando por 1-0. A meio da segunda parte, o Carvalhais aumenta o marcador para 0-2, mas logo de seguida, num pontapé livre, Nuno Cardoso reduz para 1-2, vindo a correr para mim e dedicando-me aquele golo que nunca mais vou esquecer. O público nespereirense reanima, e tenta incentivar a equipa. Só que, num lance em que Jorge Ramalho hesitou na saída da bola, o Carvalhais marca o 1-3, resultado que finalizou o jogo. Então, Hernâni numa situação de desespero e inconformado com o resultado, já dentro do balneário, agarra na braçadeira de capitão, atira-a contra o chão, e reclama: - Não temos nem guarda-redes, nem avançado! Com esta frase, Hernâni despoletou um sentimento de antipatia, por parte de dois elementos que ocupavam aquela posição: Jorge Ramalho, que é uma pessoa bastante geniosa e impulsiva; e Carlitos. Mas não era só isso que estaria afetando o clube naquela altura. Nesta época, Isidro Semblano começa a demonstrar alguns sinais de fraqueza, e a queixar-se imenso de dores de cabeça, chegando-me a contar na saída de um treino, um episódio, que na altura não valorizei muito, mas que depois, acabei por compreender. Isidro Semblano virou-se para mim, e começou a descrever que tinha sonhado com a Guerra do Ultramar, e que parecia tudo tão real, que ele acordou com uma dor de cabeça, que ainda não tinha passado até aquela hora. Obviamente, achei que fosse qualquer coisa que tivesse a haver com o sonho. Então chegamos na altura do primeiro grande “derby” vizinho, após 24 anos de interregno deste clássico, que tinha sido disputado pela última vez, em 1978: Fornelos vs Nespereira. Nesse domingo, Isidro Semblano convocou toda a equipa para almoçar na Churrasqueira Faria, e eram 11h, estávamos almoçando e ouvindo o discurso incentivo do Presidente. Após o almoço dirigimo-nos para Macieira, para nos prepararmos para o jogo contra o Ac. Fornelos. Ainda esperávamos no “banco” sem a equipa se equipar, quando vimos o árbitro chegar junto com mais um elemento. O árbitro era jovem e chamava-se Nuno Ventura. Eu fui falar com ele, como delegado ao jogo, e então explicou-me que o seu outro auxiliar não podia ter ido, e assim seria decidido entre os delegados de jogo, quem iria ser o auxiliar. Eu já tinha em mente, o massagista do Nespereira FC, Armindo Ramalho, que já estava bastante habituado com a devida representação, e então decidimos que seria por cara ou coroa, sendo o Armindo Ramalho, o auxiliar. O Fornelos marcou ainda na primeira parte, através de Sergito. Mas o jogo acabou sendo de uma imensa dureza, e até o público era duro com os jogadores. Num lance perto da linha lateral, entre Nuno Cardoso e Sergito, a mãe de Sergito fez um comentário nada agradável sobre a vida pessoal de Nuno Cardoso, demonstrando a que ponto chega a ignorância das pessoas no futebol, quando a mãe de Sergito é prima direita de Nuno Cardoso. Ao intervalo o Nespereira perdia 1-0 para o Ac. Fornelos. Na segunda parte, um senhor- dito distinto- de Vilar de Arca, que se comentava, era o grande investidor do Ac. Fornelos, resolve agredir Armindo Ramalho com um guarda-chuva, com este a exercer a função de auxiliar. Foi constatado e até o mesmo Armindo Ramalho, deu queixa do sucedido. No final, o Nespereira acabou perdendo por 1-0. Na entrada para os balneários, encontrava-se um pevidoso de boné e óculos, que se dirigiu a Nuno Cardoso e lhe disse: - Para o ano jogas cá!
Mas Nuno, que sempre foi um jogador muito dedicado e fiel ao clube, nunca demonstrando sinais de mercenarismo algum, nem exigindo que o clube lhe pagasse algo, apenas respondeu: - Nem morto jogo aqui!- terminando assim a abordagem que o pevidoso fez a sua pessoa. Mas mesmo assim, o pevidoso continuou ali na entrada dos balneários, e, abordou o presidente e treinador do Nespereira FC, Isidro Semblano, provocando-o e agredindo verbalmente, com acusações sem nexo nenhum. Foi a única vez que vi, Isidro Semblano também ficar completamente irritado, parou na porta do balneário e começou a discutir com aquela triste figura. Aí, apareceu Hernâni que já tinha entrado, e eu, que estava chegando do balneário do árbitro, e interferimos, incentivando Isidro Semblano a entrar, mas com aquele irritante pevidoso sempre a agredir-nos verbalmente, perdi a paciência e dirigi-me a ele: - Faz o favor de se calar? Acha que eu tenho medo de ti? Olha o que és, e olha para o que o Nespereira é!- entrando de seguida para o balneário, muito irritado com vontade de espancar aquela figura irritante. Após uma paragem de duas semanas, o Nespereira iria jogar um jogo, que apesar de não parecer muito significativo, acabou por sê-lo. O Nespereira deslocou-se a São Martinho de Mouros, para defrontar o último classificado da tabela. O Nespereira iniciou o seu domínio desde cedo, e logo nos primeiros dez minutos marcou o 0-1, através do lateral-esquerdo China, e perto do intervalo, Varito ampliou o placar para 0-2. Na segunda parte, o Sâo Martinho de Mouros ainda conseguiu marcar o seu golo de honra, mas foi a única coisa que fez, pois o Nespereira dominou o jogo todo. Mas devem estar a perguntar “O que é que este jogo teve de tão significativo?”. Foi o fato, de que este, foi o último jogo que Isidro Semblano orientou, antes de adoecer. Esta semana, entre o jogo de São Martinho de Mouros e o recebimento do Boassas, foi uma semana de incertezas que a maior parte da Direção não tinha noção. Isidro Semblano era um homem muito reservado, e não era muito de partilhar a sua vida pessoal com ninguém, mas mesmo assim, os elementos diretivos que mais acompanharam este progresso da sua doença fui eu, o Cláudio Oliveira e o Rui Semblano. Apesar de acreditarmos que ele iria agüentar esta dura caminhada, para mim a certeza de que a sua doença era mesmo muito grave, veio numa noite de terça-feira, em que fui visitar a Lurdes Cardoso, irmã do Pepe, e ao sair do portão de sua casa, por volta das 19 horas, estava chegando Isidro Semblano de carro, acompanhado de sua esposa, e então, ele pára ao meu lado, abre o vidro de sua janela, pegou em algumas capas, que ele fazia se acompanhar sempre, relativamente à assuntos do clube, e muito abatido me entregou as capas, dizendo: - Ercílio, explica ao Hernâni que não dá para eu ir ao treino, e ele que treine. E olha, estão aqui estas pastas, vocês assumem isso a partir de agora! Eu, claramente, fiquei estarrecido com a atitude dele, e perguntei-lhe: -Mas o que foi? O que se passa? A resposta de Isidro Semblano foi curta e simples: - Estou doente.- mas não entrou em detalhes, deixando-me a braços com aquela situação. Naquela noite de terça-feira, chamei o Hernâni no gabinete da Direção, e transmiti-lhe o que o Sr. Isidro tinha me dito, com o Hernâni a ficar também surpreso. Então, Hernâni resolveu assumir a responsabilidade que lhe cabia, e eu fui fazer o anúncio aos jogadores, do que se passava. Recordo amargamente, que me pus em frente ao quadro, olhei para os jogadores, e lhes dei a notícia de que o Sr. Isidro deixava de ser Presidente no ativo, assumindo o cargo, Hernâni Andrade. O desânimo foi evidente, assim como a emoção. Imagem que não me esqueço, é a de no momento em que dei a notícia, o Carlitos, com os olhos brilhando, me questionou: - E quem é que vai ser o nosso treinador agora? Eu sabia do diferendo existente entre Carlitos e o Hernâni, devido ao jogo de Carvalhais, e tremi na hora da resposta, temendo uma reação menos boa de Carlitos, mas acabei dizendo: - É o Hernâni! Tudo muito confuso no ínicio, aquela situação adversa foi uma dor de cabeça sem precedentes, porque, apesar do jeito reservado de Hernâni, eu entendia que aquela responsabilidade não estava nos seus planos, e era angustiante para ele. Na sexta feira, Cláudio Oliveira marcou uma reunião de toda a Direção, para dar mais detalhes da situação do clube, e solicitar a todos os elementos da Direção, uma maior entre ajuda dos elementos, em consideração à situação que o clube passava. Porque na verdade o clube não tinha uma direção, tinha um grupo da direção, porque naquela farta lista de 20 nomes, geralmente 5 ou 6 trabalhavam realmente, realçando imenso aqui, o trabalho árduo de Toni Resende como Tesoureiro. A verdade também, é de que, muitos dos que aceitavam entrar para as listas de Corpos Gerentes, na verdade, não tinham intenção de realmente colaborar com o clube, mas sim, arranjar uma montra, na qual pudessem ser vistos como dirigentes associativistas, ou então, entrar de graça nos jogos de futebol, sem ter que pagar o bilhete. Mas isso prevalece até hoje! Com Hernâni a comandar a equipa, o Nespereira teve uma fase muito boa, em que conseguiu três vitórias consecutivas, marcando 11 golos, e sofrendo 3. Dessa sequência de três jogos, o mais marcante foi sem dúvida, a deslocação a Alvite. Era impossível tentar contornar este jogo que foi o exemplo da garra nespereirense e do valor existente na nossa terra. O Nespereira necessitava de ganhar o jogo com o Alvite para confirmar a manutenção tranquila do Clube, acabando por ser um jogo extremamente heróico da parte dos nossos jogadores. Em pleno Fevereiro friorento, o Nespereira deslocou– se à Alvite, em Moimenta da Beira. Antes de sair, há dois pormenores que não me esqueço...primeiro, o massagista Armindo Ramalho faltou e fomos para Alvite, só com o saco de massagista. O segundo, foi a reclamação de Sérgio Silva que queixava-se de que lhe doía imenso o nariz, naquela manhã. O Alvite estava praticamente condenado à descida de divisão e tinha perdido por 4-0 em Nespereira. O frio intenso que se sentia, mais levava os adeptos a se aconchegarem perto de um bidão com fogueira criada pelos próprios adeptos. O Nespereira apresentou a seguinte equipa: Jorge Ramalho; Rui Teles, China, Hernâni, Quim; Sérgio, Paulo Sérgio, Paulo Monteiro, Vítor Andrade, Carlitos; Mainça. O Nespereira pressionou no 1º tempo o Alvite, chegando ao golo, através de uma grande penalidade transformada por Paulo Monteiro. Ao intervalo, o Nespereira ganhava por 0-1. Após isto, o árbitro resolveu tornar– se a figura do jogo. Primeiro, Sérgio Silva é acertado com uma bola no nariz e começa a deitar sangue. O árbitro, deixa Sérgio Silva ser assistido fora de linhas de campo, mas logo a seguir, mostra o cartão amarelo– neste caso, o seu segundo– a Sérgio, expulsando-o, e alegando de que Sérgio estaria dentro do campo a ser assistido. O Alvite num lance de cabeça ganha uma bola e marca o empate. O Nespereira corre atrás do prejuízo, mas logo a seguir, uma bola disputada entre o adversário e Paulo Sérgio, o árbitro nada marca, e acaba por expulsar Paulo Sérgio alegando de que este o teria insultado. 2 minutos depois, o assistente chama o árbitro, e este por sua indicação expulsa Vítor Andrade, que perseguiu o árbitro em fúria reclamando com ele. Com 8 jogadores em campo, o Nespereira agora só poderia defender… mas mesmo assim, num lance entre Hernâni e outro jogador, Hernâni faz falta e o árbitro– para variar!- mostra o segundo amarelo a Hernâni, que também é expulso. A confusão acaba por ser geral...Hernâni era o capitão, Vítor Andrade que era o vice-capitão já tinha sido expulso, e ele não sabia a quem entregar a braçadeira, tendo Jorge Ramalho pego na mesma e assumido essa função. Hernâni ainda tentou se dirigir para o banco de suplentes, mas o árbitro não autorizou, e no banco de suplentes, apenas se encontrava eu, na função de delegado. Já com Isaías e Júlio em campo, o Nespereira defendia, defendia… até que numa sobra de bola perto da nossa grande área, China, lança Mainça, que em corrida consegue controlar a bola, passa por dois adversários e o guarda redes e marca o golo que nos deu a vitória, e imortalizando estes jogadores que com apenas 7 conseguiram vencer 10. No final, esta vitória soube tão bem, que todos festejamos como se tivessemos ganho um campeonato. Eu ainda acabei sendo expulso mesmo depois do jogo, por ter ido cumprimentar o árbitro e lhe ter dito: - Parabéns...bonita palhaçada que aqui fez!- dizendo depois ele para mim, que eu estava expulso. Refleti sobre a situação, e quando fui buscar as fichas de jogo, pedi desculpas pela minha atitude, retirando ele assim essa minha expulsão, que nem foi referenciada no relatório de jogo. Depois disso, passamos por uma crise de resultados, marcando muito poucos golos, e também indo visitar Calde, onde reencontramos o mesmo árbitro de Alvite, e com o Calde a vencer por 1-0, com um fato muito interessante a acontecer. Após o jogo, Vítor Andrade encontra no chão, o distintivo da AF Viseu, geralmente utilizado pelos árbitros, e pegou-o na intenção de da-lo novamente ao respetivo árbitro. Só que aí, o árbitro deu conta de ter perdido o distintivo e foi procura-lo, até que o público caldense começou a dizer que era Vítor Andrade que estava com o objeto procurado. Quando Vítor se dirigia para o árbitro para lhe entregar o distintivo, este expulsa Vítor Andrade, mesmo depois do jogo terminar, sem este ter feito nada. Este ato foi tão irritante, que Hernâni Andrade ainda ligou para a AF Viseu para tentar liberar Vítor, mas foi infrutifero. Até, nessa altura, a AF Viseu estava fazendo uma vistoria aos campos de futebol, e no dia que resolveram vir aqui, que era o Secretário Geral, Carlos Silva, este foi bombardeado por Hernâni Andrade, que desabafou tudo acerca da situação ridicula de Calde. E também tivemos dois “derbys” bastante marcantes: primeiro, o Souselo nos visitou. E aí, o Nespereira até entrou melhor, e no final da 1ª parte ganhava por 1-0, com um golo fantástico de Pepe. Na segunda parte, Jorge Ramalho lesiona-se, mas mesmo assim continuou jogando, e sofreu quatro golos, acabando pelo Nespereira perder assim em casa, para o Souselo. O outro, foi o último jogo da jornada, que era o Nespereira vs Fornelos. Ainda me lembrando do tal pevidoso irritante do primeiro jogo, resolvi jogar nos “bastidores” também! Na altura, apenas era permitido no “banco” um treinador credenciado, dois delegados e um massagista. Então descobri, que no Ac. Fornelos, o treinador não era credenciado, e o massagista ia como delegado, junto com o irritante pevidoso. Calei-me na altura, mas preparei a vingança. No dia do jogo, já com as fichas de jogo prontas, o Ac. Fornelos apresentou as fichas de jogo conforme eu esperava, e então, foi a vez de eu entregar as fichas de jogo, e aí, levando o Regulamento das Provas da AF Viseu, eu avisei o árbitro, que havia uma irregularidade nas fichas de jogo do Ac. Fornelos, e mostrei-lhe o regulamento, e então o árbitro reconhecendo a irregularidade chamou o dito delegado do Fornelos, e o irritante chato, vendo que iria ter que fazer novas fichas de jogo, ainda tentou vir com falinhas mansas para mim, argumentando: - Vá lá... deixe isso passar! O rapaz que é massagista, mal sabe ler! Ele não é nada! Só que cortei-lhe rispidamente: - Não adianta! É uma irregularidade! O Sr. Árbitro é que sabe! O árbitro não cedeu, e acabou exigindo que o Fornelos fizesse novas fichas de jogo e retirasse um dos elementos do banco,tendo decidido que o massagista ficaria de fora, com o delegado do Fornelos a insultar-me do lado de fora. Muitos poderão considerar esta minha atitude de mesquinhez perante a situação, mas não foi! Apenas retribuímos aos outros aquilo que eles nos dão! Do meu ponto de vista, a pessoa foi arrogante, pretensiosa e merecia uma pequenina vingança pela figura patética que fez na primeira volta, em Fornelos com o presidente Isidro Semblano. O jogo foi duro como sempre, mas muito disputado...casa cheia, sempre a puxarem pelas suas equipas, um excelente ambiente! Até que Carlitos fez o 1-0 ainda na 1ª parte, e aí o público de Fornelos começa a perder as estribeiras com o árbitro...verdade seja dita, que o árbitro também era muito inseguro, e às vezes trapalhão. Mas, o delegado do Fornelos, não cansava de se aproximar do nosso banco, e insultar o auxiliar do nosso lado, chegando mesmo a me fazer intervir por duas vezes, pedindo para ele voltar para o banco de suplentes dele. Perto do final do jogo, o árbitro marca uma grande penalidade a favor do Nespereira, e, assim Paulo Sérgio converte-o, aumentando a vantagem do Nespereira. No final do jogo, o público de Fornelos em fúria, invadiu o Campo do Olival, e dirigiram-se ao árbitro, com todos os jogadores, de Fornelos e do Nespereira a tentarem acalmar os ânimos de um público enfurecido, que queria claramente bater no árbitro. No meio da situação, recordo-me do Hernâni segurar um senhor já de certa idade que ia levando um cajado, e ameaçava que ia dar com o cajado no árbitro, tendo-se conseguido acalmar o senhor. Nesse ano, o Nespereira terminou em 5º lugar, com a sensação de que poderia ter feito melhor campeonato nessa época. Nessa mesma época, vou falar aqui em traços gerais, da primeira e única-pelo menos até agora- equipa de futsal feminino que existiu no concelho de Cinfães. Os treinos eram, geralmente, aos sábados de tarde, quando não havia jogo. Pois muitas das nossas jogadoras estavam estudando ou trabalhando fora. O campeonato era curtinho, pois apenas tinha 5 equipas a disputa-lo: nós, Cabanitos (Carregal do Sal), Piaget (Viseu), U. Estação (S. Pedro do Sul) e AFS Viseu. Relembro-me perfeitamente, da necessidade que tive de recorrer ao Rui Semblano, para lhe pedir que patrocinasse o equipamento, o que ele não negou, e até mandou faze-lo de maneira muito bonita. Nós começamos bem o campeonato, goleando o Cabanitos em casa, e indo ganhar a Viseu, com o Piaget, após termos chegado ao local do encontro, e os árbitros terem faltado ao jogo, que era numa sexta-feira à noite. Então, entre os delegados das duas equipas sortearam-se dois elementos do público, que foram os escolhidos para arbitrarem o jogo. Ganhamos calmamente o jogo. Depois, na terceira jornada recebíamos o U. Estação. Jogo este que nunca mais esquecerei para o resto da minha vida, pois considero que neste jogo perdi o campeonato! E ali com o selecionador do futebol feminino a assistir!
Jogando tão bem, rapidamente, ainda na primeira parte, estávamos ganhando por 3-0, quando o meu excesso de confiança, num resultado folgado, me fez cair no erro de desvalorizar a equipa adversária, e comecei a rodar as jogadoras. A situação mais engraçada para mim, foi uma finta que a Célia faz, em que ela para a bola em frente à jogadora, que atentamente fica esperando o movimento da Célia, e esta começa a dançar em frente da bola, com a adversária ficando admirada com o movimento, com a Célia a passar pela adversária. Mas de engraçado o jogo só teve isto. Porque, no momento em que, a Ana Maria tentou aliviar a bola, e esta saiu meio enroscada na direção da nossa própria baliza, traindo Bete, e fazendo o primeiro golo das “miúdas” dos U. Estação, o jogo mudou de tal forma, de figura, que eu até nem reconhecia a equipa. Em poucos minutos estávamos perdendo por 3-4. Fomos para o intervalo perdendo, e fiquei pior na segunda parte, quando sofremos mais dois golos, e desperdiçamos três livres através da Cristiana. Eu me lembro, que fiquei tão chocado, no terceiro livre, que cai de joelhos no chão. Foi um jogo que tudo correu mal! Perdemos a liderança, e não sabíamos que ali perdemos o campeonato. Depois na outra saída fomos a Viseu, jogar contra o AFS Viseu, onde jogava a atual guarda redes da Seleção Nacional de Futebol Feminino: Neide Simões- só que naquela altura ela ocupava a posição de pivô e era uma desconhecida. Para começar, naquele dia, era aniversário do Sr. Armando Soares, em Vila Nova de Gaia, e o Rancho tradicionalmente se deslocava à sua casa para participar, o que nos fez alguns desfalques na equipa. O grupo era de 14, e ali só se encontravam 9. Resolvi castigar neste jogo a Ondina, devido à uma atitude que ela teve com o árbitro, no jogo passado, em que quando ele lhe mostrou o cartão amarelo, ela estendeu a mão, como se estivesse ameaçando que lhe iria bater. Eu não gostei de tal atitude, e então optei por deixa-la no banco, nesse jogo. O jogo começou muito mal, e as garotas pareciam que estavam perdidas no jogo. Rapidamente estávamos perdendo por 4-0. Então chamei a Ondina, e só lhe disse assim: - Entra e destrói tudo! Substitui a Paula Simões pela Ondina, e logo após termos sofrido o quarto golo, na saída do meio-campo, Ondina pega na bola passa pelas adversárias todas, e marca um golaço. Chegamos ao intervalo a perder por 4-3. Mas logo no ínicio da segunda parte, Cristiana marcou o empate. Mas, o AFS Viseu conseguir marcar um golo bastante duvidoso, que me pareceu ter entrado pela rede lateral, mas que acabei não discutindo. Cristiana e Ondina conseguiram dar a volta por cima, e puseram o jogo em 6-5, que vencemos com muita garra. Depois disso, fomos a Carregal do Sal, onde goleamos 11-1 os Cabanitos, ressalta-se aqui a paragem em Viseu, para jantarmos por conta do clube, onde por indicação do Sr. Nelson Valente, e por incentivo do Sr. Fernando Tavares que nos acompanhou, fomos jantar picanha na brasa com feijão preto, o que deu uma conta gigantesca, que depois me valeu uma chamada de atenção do Hernâni Andrade, por causa deste jantar. Após este jogo, recebemos o Piaget e ganhamos, e depois...íamos para a decisão do título contra o Unidos da Estação, em S.Pedro do Sul. Este jogo, eu sabia que iria ser muito complicado! Pois necessitávamos de vencer este jogo, e esperar que o U. Estação perdesse um ponto no jogo seguinte. Chegamos cedo à S.Pedro do Sul, na carrinha da Paróquia, que ia conduzida pelo Fernando Tavares, e então, num ambiente calmo lá fomos nos distraindo como podíamos, apesar de eu estar muito nervoso com aquele jogo.
Uma coisa boa de se realçar neste jogo, foi a quantidade de adeptos nespereirenses que se deslocaram até S. Pedro do Sul para apoiar a equipa. Viam-se faixas, bandeiras, cachecóis do Nespereira no lado direito da bancada, de quem está no terreno de jogo. Os adeptos do U. Estação também vieram em peso, munidos de bombos, tambores, fazendo uma enorme festa. O jogo começou e atrás do nosso banco de suplentes encontrava-se a claque sampedrense, que ensurdecia-nos com os seus bombos. Eu ia ficando sem voz, pois cada vez que eu precisava intervir, necessitava de gritar muito alto, para as jogadoras me ouvirem. Reparei desde cedo que a Ondina estava muito nervosa, e que cada vez que eu chamava por ela, para lhe dar qualquer indicação, ela fazia de conta que não ouvia. Então, ainda na primeira parte resolvi tira-la para pôr a Paula Simões. Ondina era uma jogadora muito evoluída tecnicamente e muito forte, só que o que tinha destes atributos, também o tinha de indisciplinada e explosiva. Fomos para o intervalo perdendo por 1-0. Então voltei a meter a Ondina na equipa! O Nespereira parecia estar mais ofensivo, e o público nespereirense se entusiasmava e incentivava as miúdas, até que num contra-ataque nosso, Ondina se isola, e uma adversária agarra Ondina fazendo-a cair. O árbitro marca penalty, e já levava o cartão vermelho na mão...só que Ondina explode, e levantando-se, reage com um murro na adversária, valendo às duas adversárias a expulsão. Fui buscar a Ondina no portão, e acompanhei-a até à porta do nosso balneário, ignorando os insultos a ela. Só que não consegui ignorar depois o que vi!!! A voltar, vi o meu irmão, Xyko, sendo agredido por uma multidão em fúria, e gravei a cara de um dos agressores-um que tinha vindo por trás e acertado um soco por trás no Xyko. Obviamente, os adeptos nespereirenses defenderam a sua honra, e vi o Sr. Joaquim Teixeira, fiel seguidor da equipa feminina, juntamente com sua esposa, assim como o Sr. Tonecas Teixeira, e sua esposa, defenderem o Xyko, de ser atirado da bancada abaixo. Aqui, eu perdi toda e qualquer razão! Perdi a cabeça, e apesar dos apelos da Maria João, da Célia e da Isaura-esta última ainda me agarrou e tentou evitar que eu saísse do “banco”. Atravessei o balneário das adversárias, e com aquele rosto do agressor gravado na minha mente, subi na bancada, e quando lá cheguei as coisas já estavam acalmando, só que acabei por reacender a situação, porque fui ter com o agressor e acabei por responder-lhe na mesma moeda. A confusão reinstalou-se...lembro-me de ver o Pedro Semblano, de braços no ar, pedindo calma, mas sempre a dar uns pontapézinhos matreiros por baixo, do Carlitos, agarrar num dos adeptos do Unidos, que estava tentando rasgar uma faixa nossa, e atira-lo uns degraus abaixo. O árbitro parou o jogo, ficou assistindo a situação, enquanto a GNR pedia reforços para o gimnodesportivo de S.Pedro do Sul. Sai dali graças a intervenção do Vilarinho, Rui Teles e de um amigo que o Rui tinha levado para dormir em sua casa, no fim de semana, que me empurraram para fora da bancada, levando-me até a porta da entrada para os balneários. Mesmo assim, ainda fui provocado por um “miúdo” que dizia: - Vamos partir os dentes ao bacano! Irritado, e vendo que o que o miúdo queria era dar nas vistas, empunhei a minha mão e somente lhe respondi: - Passa aquela porta ali sozinho para ver o que te acontece!- e então passei a porta, sem que aquele adolescente me persiguisse e voltei ao “banco” de suplentes. O jogo recomeçou após esta confusão, mas ficamos mais frágeis, e, ainda por cima, o árbitro, por indicação do cronometrista, que tinha sido “envenenado” pelo dirigente do Unidos da Estação, acabou por me expulsar do banco, alegando que eu tin há feito gestos menos próprios para o público, gerando em mim uma revolta sem precedentes, que me fez perder a cabeça com o cronometrista, que cheguei a ameaça-lo! Afinal ali era o jogo do tudo ou nada! Para mim aquele era o jogo da minha vida! O Nespereira foi-se abaixo, e acabamos por perder por 8-5, e chegou no final, senti uma imensa tristeza, quando o árbitro apitou, e até hoje é a imagem que não me sai da cabeça. Isaura caiu de joelhos no chão chorando, Paula Costa olhava para cima entristecida, Cristiana cumprimentava as adversárias palidamente, Maria João também estava muito cabisbaixa, enquanto a equipa da casa festejava a vitória do campeonato. Os adeptos nespereirenses aplaudiram muito as nossas jogadoras. Entretanto, eu estava na porta do nosso balneário, acompanhado de Ondina, que chorava convulsivamente, e de um guarda que estava ali para nos proteger. Entretanto, virei-me para a Ondina e disse-lhe: - Vai lá cumprimentar as adversárias, e dar-lhe os parabéns.- embora até mesmo eu, não tivesse vontade nenhuma de ter aquela atitude de cortesia! Mas sabia que a equipa dos Unidos não tinha qualquer culpa na situação que se passou...até ao momento! Quando Ondina estende a mão para uma das adversárias e lhe dá os parabéns, a resposta dela foi iniciada por um insulto: - Achas que vou te apertar a mão?- e acabou agredindo a Ondina, que ficou a sangrar do nariz. E isto tudo, nas barbas do guarda, e de mim. Eu, indignado voltei-me para o guarda e perguntei-lhe: - Isto não é flagrante de uma agressão? Ele virou-se para mim e disse: - Eu não vi nada! Então aí fui tomado por uma revolta tremenda que me acabou por ter uma atitude menos bonita com a adversária que agrediu a Ondina, reacendendo novamente a confusão na entrada do balneário, com a Teresa e a Marcela a me empurrarem para dentro do balneário. Lá, somente queria me sentar, e não falar com ninguém! Até que a GNR trouxe os adeptos de Nespereira para os nossos balneários, e depois disso, saímos escoltados pela GNR, até às nossas viaturas, debaixo de ameaças, insultos e tentativas de agressões, de uma multidão enfurecida que nos aguardava do lado de fora do pavilhão. Fomos escoltados pela GNR até ao limite do concelho de S.Pedro do Sul. Entretanto recebi um telefonema da Rádio Lafões, a querer uma breve entrevista sobre o jogo, e a analise que eu fazia do que se passou, a minha revolta era tanta que a minha resposta acabou sendo esta: - Nós pensávamos que estávamos entrando num complexo desportivo, mas depois dei conta que estava num jardim zoológico, porque os adeptos de S. Pedro do Sul parecem todos animais! Esta resposta parece ter sido muito contestada, porque depois disso, o jornalista Eduardo Boloto, me ligou, e comentando a minha entrevista, falou que muitos sampedrenses criticaram esta minha citação, e se indignaram ligando para a Rádio. Só que, como há os que não gostam, também há os que gostam! E o dirigente do Carvalhais e do Santacruzense- ambos rivais dos clubes da sede do concelho- também me ligaram para me incentivar. Só que naquele momento, não havia nada que me incentivasse!Tinha eu uma tristeza tal, porque ali foi como se tivesse ido abaixo três anos de trabalho- e às tantas até foi ali! Nunca consegui culpar as jogadoras pelo sucedido, mas culpo-me sim, dessa derrota do campeonato. Não sei se foi por inexperiência, se foi por incompetência...só sei que perdemos o campeonato, e essa derrota está-me entalada para sempre na garganta. Muitos, após lerem isto, devem estar comentando: “Olha...os culpados são sempre os mesmos, o Ercílio e a Ondina!” Sinceramente, pela confusão, não sinto qualquer culpa, porque sempre ouvi dizer que “quem não se sente, não é filho de boa gente”, e relembrando uma conversa que o Rui Teles teve uma vez com o Paulo Rodrigues, quando este se mostrou com vontade de ser presidente do Nespereira- mas muito antes de sê-lo!- em que Rui explicava ao Paulo, que se nos roubam, geralmente roubam-nos sem nós vermos! Mas no futebol não, no futebol roubam-nos de forma descarada! É como se alguém metesse a mão no nosso bolso, e tirasse o dinheiro, o telemóvel tudo pela nossa frente, e ainda sorri para nós. Então, não guardo qualquer culpa nesse sentido, porque, acho que defendi a camisola do meu clube, e nunca fui mercenário, nunca cobrei nada ao Nespereira. Estava lá porque gostava! E eu sempre tentei priorizar a união da equipa! Defendia- e defendo- o clube, acima de tudo! O único sentimento de culpa que tenho, é a de não conseguirmos vencer o campeonato, e aí sim, podem me culpar pelo não-sucesso no campeonato! Porque para mim ficar em 2º lugar ou em último é a mesma coisa, porque quer dizer que não ganhamos. A minha expulsão em São Pedro do Sul valeu-me um processo disciplinar na AF Viseu, que caso fosse considerado culpado, poderia ficar entre 3 a 5 de anos de suspensão , com a Direção na altura, a não demonstrar qualquer interesse em me defender, então eu tomei a iniciativa de rebater aquelas alegações ridículas de que estava sendo acusado no relatório do árbitro, que referia que eu teria “feito gestos provocativos para o público, e ofendido os adeptos”. Sem poder contar com qualquer iniciativa da Direção, resolvi então me defender, recorrendo ao meu Tio António Salazar Galhardo, que fez a minha defesa, e enviou-a para o Conselho de Disciplina, e também para o Conselho de Arbitragem, pedindo um recurso e para podermos expor a defesa, apresentando assim várias testemunhas para minha defesa, que foram o sr. Joaquim Teixeira, o Sr. Tonecas Teixeira e a Ana Maria, vice-capitã da equipa, e se deslocaram a Viseu, para depor em meu favor. No final, acabei por levar apenas 10 dias de suspensão, e ¢27 de multa. O último jogo das “miúdas”, elas recebiam o AFS Viseu. Nesse dia, caso curioso aconteceu! O Sr. Fernando Tavares ficara responsável dos transportes de todas equipas, e naquele dia, marquei com as jogadoras, para estarem presentes no Campo, às 13 horas. Mas, entretanto, com todas as jogadoras de Nespereira, ali presentes, não apareceu ninguém. Então, resolvi ir atrás do Sr. Tavares, na Feira, mas acabei encontrando-o no Restaurante Betenando, comendo. Entrei no restaurante, e perguntei-lhe onde estava o transporte, e ele com aquele ar bem-disposto dele, sempre sorridente, virou-se para mim, e olhou meio surpreso, perguntando-me se naquele dia ia haver jogo. Respondi afirmativamente! Então, ele põe uma das mãos na cabeça, e, lamenta-se comigo, dizendo que esquecera de solicitar a carrinha para o padre. Obviamente, a minha reação foi de surpresa, e alguma vontade de discutir o tema, mas o à-vontade do Sr. Fernando Tavares, não o permitia, porque aquele jeito bem-disposto dele, desestimula qualquer discussão mais acesa. Então ouvi a proposta de solução que ele me apresentou, que seria de as jogadoras que tivessem carro, levassem-no para Cinfães. Não havendo solução, então segui a sugestão dele, e quando cheguei para as jogadoras propondo isso, elas obviamente torceram o nariz, e passei por ser eu o irresponsável da situação, e tendo que ouvir reclamações sobre desgaste de carros, combustível, etc. Então, como era o último jogo convoquei todas as raparigas, inclusive a Ondina(castigada). Mas mesmo assim, iria sobrar uma! Então tive que tomar uma decisão... uma das duas teria que ficar de fora, ou Lurdes ou Dulce. Questão que se tornou polémica! Optei por deixar de fora a Lurdes, porque esta foi a mais jogo que Dulce,Lurdes tinha mais minutos de jogo. Então por isso, foi a minha opção! Mas, uma parte da equipa não aceitou muito bem a minha decisão, e recordo-me de ouvir alguns comentários algo desagradáveis da parte de algumas jogadoras, o que me entristeceu muito. Para piorar a situação, ainda aparece o Sr. Fernando Tavares, que entrou pelo pequeno gabinete que eu utilizava no Pavilhão Armando Costa, a reclamar para mim, que devia ter posto a Lurdes na Ficha de Jogo, e que era para eu corrigir, senão ele não iria para o “banco” como delegado ao jogo. Irritado, mas respeitando o Sr. Tavares, não gostei daquela atitude, e acabei por desabafar: - Desculpe Sr. Tavares! Mas a decisão é minha! Quem as treina sou eu! Quem é que gasta os sábados todos a treina-las? Sou eu! Quem é que as acompanhou nestes últimos três anos? Sou eu! Então o treinador sou e... e eu é que decido! Quanto ao fato do senhor ser delegado, vem aí o Cláudio, o Rui e o Sr. Isidro, qualquer um deles pode ser delegado.- terminando assim a conversa. Apesar de não gostar do que ouviu, o Sr. Tavares acabou sendo o delegado ao jogo, pois eu estava castigado naquela altura. Surgiu então, nos balneários, o presidente do Nespereira FC, Isidro Semblano, já claramente debilitado, que fez questão de dirigir algumas palavras de agradecimento às “miúdas” e até de incentivo para a próxima época. Nesse jogo, chegamos a estar a vencer por 3-0, e acabamos por deixar fugir a vitória, com um empate a 3 golos.
Aqui terminou a minha carreira de treinador da equipa feminina, que afirmo que gostei imenso, mas que considero que não estive à altura das jogadoras que tinha no plantel. Embora considero que a equipa nunca foi bem uma equipa no coletivo, pois dependia imenso das individualidades de todas. O meu ponto de vista é de aquela equipa jogava uma espécie de futebol sul-americano, dependente da técnica de cada uma. Comparando com a campeã, Unidos da Estação, acho que a campeã era mais coletiva, sabia circular a bola melhor entre elas, enquanto nós não sabíamos fazer muito isso. Ainda, fomos convidados para um torneio quadrangular, em Moimenta da Serra, em Gouveia, para jogarmos um torneio entre as campeãs da AF Guarda, AF Vila Real, AF Aveiro e AF Viseu. Já com as relações entre mim e a Direção, meio tremidas, recordo-me que, grande parte das jogadoras não puderam ir ao jogo em Moimenta da Serra, e acabei por chamar outras jogadoras que não estavam inscritas, mas que treinavam connosco: Eduarda, Liliana, Tânia Sofia e Patrícia Andrade. Nós não tínhamos carrinha para ir, valendo-nos em parte, a boa vontade do futuro marido de Bete, que levou uma parte das “miúdas”, e o Nuno Cardoso, que na altura, trabalhava numa auto-escola, e então, pedi-lhe para ele me emprestar a carrinha que utilizava. Nuno ainda titubeou, mas perguntando-me quem ia conduzir, eu respondi-lhe que era o Paulo “Moleza” Soares, que tinha carta de condução. Ele me indicou onde ia deixar a chave, e muito cedo saímos de Nespereira, em direção à Moimenta da Serra. Paramos em Viseu, onde almoçamos no McDonalds, e depois fomos para o nosso destino. Lá chegando, perdemos os dois jogos, e acabamos em 4º lugar. No regresso, com a história de deixar cada rapariga em sua casa, acabamos por chegar muito tarde, e lembro, que estando a chegar em Carvalhais, Patrícia Andrade recebeu uma chamada de seu tio, Joaquim Andrade, mais conhecido por “Cambão”, e este ameaçou-me pelo telefone, porque já era meia-noite, e a sua sobrinha era muito nova para estar acordada aquela hora. Passando a Cruz, perto da casa do casal Resende, uma moto veio na nossa direção, e depois, ele parou a carrinha, e eu muito rapidamente tranquei a porta, esquecendo de fechar a janela, e entre as ameaças e reclamações, Joaquim ainda agarrou no meu braço, e com força, quase me deslocava o braço, reclamando da tardia vinda de sua sobrinha. Outro motivo de orgulho que guardo, é a convocação de Cristiana Teixeira, para um estágio da Seleção Nacional Sub-18, indicado pelo selecionador da AF Viseu. Foi a primeira- e primeiro também- atleta do Nespereira Futebol Clube a ser convocada para a Seleção Nacional. Na altura de um curso de Dirigentes de Futebol, que realizamos eu e o presidente do Nespereira FC, em Viseu, falamos com o selecionador de Viseu, sobre a equipa feminina, na qual ele mesmo elogiou, que o Nespereira tinha uma excelente equipa, mas que apenas poderia aproveitar três jogadoras dali, por causa da idade (Ondina, Dulce e Cristiana), por serem sub-18. Conversa puxa conversa, ele demonstrou muita admiração pela Cristiana, e aí eu falei-lhe na Ondina também, pois junto com a Cristiana, elas eram as melhores marcadoras da equipa. Só que a sua resposta foi de que, Ondina nunca seria convocada por ser muito inidsciplinada, e não ter gostado da sua atitude no jogo do Nespereira FC vs Unidos Estação. Aqui terminou a história de uma equipa feminina, que durante 3 anos, conseguiram fazer 26 jogos, angariaram 19 vitórias, 1 empate e 6 derrotas. Marcaram ainda 125 golos e sofreram 61.
Entretanto, o presidente do Clube, Isidro Semblano ia ficando muito debilitado, e Cláudio Oliveira resolveu organizar um jantar de amigos, do Sr. Isidro Semblano, na Churrasqueira Faria, onde estiveram presentes várias figuras ligadas ao futebol de Cinfães, entidades políticas e outras figuras sociais ligadas a Isidro Semblano. No dia 4 de Agosto de 2003, Nespereira recebe a notícia do falecimento de Isidro Semblano. Foi um momento muito triste para o clube nespereirense! Isidro Semblano, além de ser reconhecido pelos mais antigos como um excelente jogador, um dos históricos jogadores, é reconhecido pelos mais jovens como um excelente orientador, que fez de um grupo de “crianças” que jogavam à bola, jogadores de futebol. Isidro Semblano foi o corajoso homem que em alturas que o Nespereira FC ameaçava entrar numa grave crise, ele agarrou e geriu o clube, chegando a abrir mão da sua vida pessoal, prejudicando a própria família em prol dos interesses do Nespereira FC. Pena é que nós todos não soubemos reconhecer isso, com ele em vida, e acabamos por ser egoístas, quase que pressionando e nos dirigirmos a ele, como se a gestão do clube fosse uma obrigação sua. O velório de Isidro Semblano realizou-se em sua casa, na Feira Franca, junto de sua família, e presentes estiveram todas as entidades a que Isidro Semblano esteve ligado. A bandeira do Nespereira FC esteve junto a ele, e uma camisola do Nespereira FC foi posta junto de si, para o acompanhar e quem sabe, até, nos iluminar nas decisões que tomamos. A equipa de Veteranos do Nespereira FC decidiu que a partir daí, o nº 10, jamais seria utilizado pela equipa veterana, em respeito ao líder que desaparecia naquele momento. O desaparecimento de Isidro Semblano fechou um ciclo no Nespereira FC, de estabilidade, de credibilidade, de influência. Isidro Semblano era o único elemento nespereirense conhecido pela parte admnistrativa da AF Viseu, na altura. Com a morte dele, a estrutura diretiva do Nespereira ficou ligeiramente abalada, com Hernâni Andrade a assumir essa responsabilidade temporariamente. Nessa altura, começam a aparecer as dividas que o Nespereira FC tinham pendentes, todas registradas em ata, o que tornou a situação da sucessão de uma nova direção, numa situação extremamente delicada. Na primeira Assembleia Geral, apresentei uma lista, mas foi reprovada, e então, surgiu uma discussão na Assembleia, se se entregaria as chaves do clube à Junta de Freguesia, ou se, se fazia outra assembléia, esperando o aparecimento da lista.
JOGOS
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Boassas-Nespereira 4-0 (Pepe, Carlitos, Paulo Sérgio, Nuno Cardoso)
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Nespereira-Alvite 1-0 (Paulo Monteiro)
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Arguedeira- Nespereira 4-0
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Nespereira-Armamar 1-0 (Pepe)
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Moimenta-Nespereira 2-2 (Carlitos, Vítor Andrade)
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Sernancelhe-Nespereira 3-3 (Nuno Cardoso, Carlitos-2)
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Nespereira-Santacruzense 2-1 (Paulo Sérgio, Paulo Monteiro)
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Souselo-Nespereira 2-1 (Paulo Monteiro)
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Nespereira-Carvalhais 1-3 (Nuno Cardoso)
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Oliveira Douro- Nespereira 1-0
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Nespereira-Calde 4-1 (Pepe, Carlitos-2, Nuno Cardoso)
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Fornelos-Nespereira 1-0
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São Martinho Mouros- Nespereira 1-2 (China, Varito)
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Nespereira- Boassas 4-1 (Carlitos-2, Pepe, Toninho Dias)
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Alvite-Nespereira 1-2 (Paulo Monteiro, Toninho Dias)
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Nespereira-Arguedeira 5-1 (Toninho Dias-3, Pepe, Carlitos)
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Armamar-Nespereira 1-0
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Nespereira.Moimenta 2-1 (Carlitos-2)
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Nespereira-Sernancelhe 3-1 (Jorginho, Carlitos-2)
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Santacruzense-Nespereira 2-0
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Nespereira-Souselo 1-4 (Pepe)
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Carvalhais-Nespereira 6-0
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Calde-Nespereira 1-0
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Nespereira-Fornelos 2-0 (Paulo Sérgio, Carlitos)