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2000/01

Época 2000-01.jpg

Competição: 2ª Divisão Distrital- Zona Norte

Classificação: 7º lugar (26 jogos, 9 vitórias, 7 empates, 10 derrotas)

Pontos: 34 pontos;

Média Pontos: 1,31 pontos/jogo

Golos marcados: 46 (1,77 p/jogo)

Golos sofridos: 43 (1,65 p/jogo)

Melhores marcadores: Carlitos (8 golos); Toninho Dias (7 golos); Celso 6.

Equipas da competição: Tarouquense, M.Beira, U.Resende/97, Lamelas, Santacruzense, Arguedeira, Armamar, Sernancelhe, Boassas, Castro Daire, S.M.Mouros, S.J. Pesqueira, Resende

Subiu: Tarouquense

Desceu: Resende, S. João Pesqueira

Campeão Distrital: Mortágua

Presidente: Isidro Semblano

Voltando ao futebol, preparava-se a época de 2000/2001. Em vésperas de Assembleia Geral do Nespereira FC, estava eu a descer a Escadaria 4 de Julho, que dá acesso à Junta de Freguesia de Nespereira, quando cruzei com o presidente do clube, Isidro Semblano, que esteve falando comigo, e assim, me convidou para fazer parte dos corpos gerentes. Eu prontamente aceitei, e assim assumi o meu primeiro cargo no Nespereira FC, de vogal da Direção. A partir daqui, deixo de relatar as coisas como adepto, mas passo a relata-las como dirigente desportivo. Isidro Semblano optou por escolher como treinador dos seniores, um jogador do Nespereira, bem conhecido e acarinhado por todos: Vítor Andrade. Vítor Andrade é um dos jogadores mais tecnicistas que o Nespereira teve. Sempre com semblante sério, e de falar muito pouco, adepto fervoroso-quase doente-pelo Benfica, Vítor Andrade tinha acabado de tirar o curso de treinador recentemente. Com o seu ar sério, conseguia levar quase tudo para a brincadeira, recordando-me de uma pequena entrevista, que fiz a ele para o jornal “Gazeta Nespereirense”, em que perguntei-lhe quais os seus objetivos para a época que se aproximava, e ele respondeu: - Bom...Primeiro, vencer os jogos; depois, vencer o campeonato; e por final, ganhar a Liga dos Campeões!- terminando esta passagem, com um sorriso cínico, mesmo sem dar a entender que estava brincando. Logo na primeira reunião, recordo-me de ver aquela salinha, que estava posicionada no lado direito da escada que dava acesso ao salão, toda cheia de várias pessoas sempre ligadas ao futebol. Isidro Semblano, Hernâni Andrade, Júlio Semblano, Amadeu Teixeira, Jorge Monteiro, Toni Resende, Claúdio Oliveira, Rui Semblano, Ricardo Teles, Américo Pinto eram alguns dos nomes que faziam parte dos corpos gerentes do clube. Ali, sendo a minha primeira reunião, todos resolveram dar as suas opiniões sobre as necessidades do clube, e me lembro, que cheguei na minha altura de falar, e, sem medo propus que o Nespereira FC poderia ter uma equipa feminina. A proposta não foi levada a sério, e até foi gozada pelos presentes! Na altura, Nespereira tinha um grupo de raparigas muito talentosas com a bola, que era o caso da Maria João Tavares, Vera Pinto, Célia Fonseca, Ana Maria Gonçalves, Marcela Almeida, que às vezes, eu via elas jogarem futebol na escola, e eram umas autênticas vencedoras. Apesar de tudo, a proposta nem foi levada a sério, inicialmente! Mas, recordo-me que na reunião, Isidro Semblano pediu o empenho, disponibilidade e a dedicação de todos os elementos dos corpos gerentes. Aí, eu me disponibilizei para ajudar em alguma coisa, caso fosse necessário, e o presidente olhou para mim, e me perguntou se eu daria uma ajuda ao treinador dos Infantis, Armindo Ramalho. Meu primeiro papel no Nespereira FC, foi como treinador dos guarda-redes das camadas jovens. Que equipa “infernal”! Eram muito travessos aqueles miúdos! O Carlos, guarda-redes era o pior. Um loirinho, de olhos claros, com cara de anjinho, mas no fundo era um diabinho autêntico! Não parava quieto, tinha a mania que era engraçadinho,como é natural da época que viveram. Nessa altura, jogava nos infantis, o João Ramalho- que era o chorão da equipa-, o Itália, o Carlos Miguel, o Vítor Diogo, o Rafael Cardoso, o João Carlos, o Picheleiro, entre outros. Lembro-me de num jogo, em Satão, que o Armindo Ramalho não podia ir para o “banco” porque tinha sido expulso do “banco”, num jogo dos seniores, pois além de treinador dos infantis, Armindo também era massagista dos seniores, e no jogo anterior tendo sido expulso não podia ir para o banco, durante 10 dias que acumulou de castigo. Então, no “banco” de suplentes ficou o Sr. Isidro e eu, que me estreei no “banco” de suplentes, como dirigente, em Satão. Mas a estréia não correu nada bem, pois o Nespereira foi goleado por 10-1, com um golo de João Carlos, de livre. Antes, porém, na viagem, lembro-me de fazermos a viagem numa Renault da Junta de Freguesia, com apenas três lugares, levando os miúdos atrás, numa alegria tremenda, só incomodada quando, perto de Cabril, o Jorge “Picheleiro” pediu para pararmos porque se sentia enjoado, e então paramos para o dito jogador regurgitar, enquanto os outros elementos gozavam da situação, brincando com ele. Naquela época, gerou-se uma discussão, porque o Nespereira pretendia que Carlitos- filho de Carlos Duarte- assinasse pelo clube, mas o Cinfães ameaçava não facilitar essa aquisição! Então, na altura, chegou-se a coagitar, através de uma idéia de Amadeu Teixeira, que sugeriu que o Nespereira fizesse um contrato de jogador profissional, para Carlitos, com descontos da Segurança Social, e tudo. Só que o Cinfães facilitou, e através de um acordo particular entre o Prof. Zezé-dirigente do CD Cinfães, e um “todo-poderoso” do futebol distrital-e Cláudio Oliveira, o Cinfães deu a carta para Carlitos, permitindo assim que o Nespereira pudesse incluir este jogador no seu plantel, com a ressalva de assinar uma carta de liberação de Carlitos, com um ano de antecedência, para fazer regressar o Carlitos ao Cinfães, caso assim o clube da sede do concelho o entendesse. Carlitos fez a sua formação quase toda no Cinfães, mudando apenas uma época, em que assinou pelos Iniciados do FC Porto, sendo titular no FC Porto, deixando no “banco” Helder Postiga. Depois, voltou para o Cinfães, e aí acabou a sua formação, jogando no clube da terra natal: Nespereira. Era conhecido pela sua maneira de jogar explosiva, e a maneira como rematava para os golos, maior parte das vezes de bico. O Sr. Isidro tinha por hábito, fazer rotatividade de dirigentes, para irem para o “banco” de suplentes, como delegados, nos jogos dos seniores. Eu comecei a acompanhar os jogos dos seniores, e logo no primeiro jogo em casa, o Nespereira defrontou a equipa duriense do Boassas, vencendo por 6-0, com golos de Celso, Mainça, Puck, Sérgio Silva (nesta altura jogava ainda a extremo) e um “bis” de Carlitos. Jogos desta época, que me ficaram na memória, foi o Boassas- Nespereira, no Campo do Facho, que ficou marcado pelo regresso de Jorge Ramalho- que esteve vários anos na Suiça- ao Nespereira FC. Na altura, Pedro Semblano era o titular da baliza do Nespereira, mas lesionouse após o jogo em Lamelas, em que fez uma excelente exibição, embora não tenha conseguido evitar a vitória da equipa do Lamelas. Durante um período de 5 jogos, Edgar Vasconcelos foi o titular da baliza, mas a sua atuação na derrota contra o Santacruzense, deixou sérias dúvidas a Vítor Andrade, na permanência de Edgar na baliza. Aqui entra a perspicácia de Isidro Semblano, que enquanto o clube se via “apertado” na baliza, o Presidente já assediava Jorge Ramalho para fazer parte do plantel. Voltando ao jogo de Boassas...na primeira volta, o Nespereira cilindrou completamente o Boassas, por 6-0, no Olival. O campo do Boassas, denominado Campo do Facho, é um campo de dimensões pequenas. Os balneários situavam-se acima do nível do terreno do jogo, onde o acesso a eles era feito por um corredor feito de blocos de cimento, que faziam assim uma espécie de túnel até aos balneários. As bancadas do campo, se encontravam a uns 8 metros de altura do terreno, mesmo por cima dos bancos de suplente. Sendo um “derby”, a equipa da casa demonstrou imensa garra, e pouco a pouco foi dominando o jogo, chegando ao intervalo ganhando por 2-0. Mas ainda antes do intervalo, aconteceu algo de insólito na bancada. O tempo estava cinzento, e eu estava fazendo os meus apontamentos, quando vi o meu adepto vizinho, o Matinhas da Pertença, atender seu telemóvel, e respondendo em tom alegre: -Estou?...Ah!Sim!...Onde estou? Estou aqui na terra dos cães!- referindo-se assim à Boassas. Obviamente, os adeptos locais não gostaram do que ouviram, e rapidamente começaram a ameaçar que o iriam atirar da bancada abaixo, sendo rapidamente resolvida a situação com a ajuda dos adeptos mais contidos que afastaram o Matinhas dali. Entretanto, no jogo, o Boassas ia conseguindo uma consistente vitória, ganhando por 4-0, sendo reduzido por Toninho Mainça, que fez o 4-1 quase no final. Mas o jogo ficou marcado por uma série de lances mais duros existentes entre Rique e Quim Miguel, em que o jogador do Boassas, mais explosivo ia ameaçando constantemente, e Rique apenas respondia com os seus típicos lances mais durinhos, com entradas de carrinho, etc. No final do jogo, os jogadores se deslocavam para o túnel, e de repente os comportamentos aqueceram de tal modo, que foi uma cena de pancadaria épica, em que, qualquer jogador que entrasse naquele túnel, era fustigado de pancada, correndo aqueles 20 metros, até o largo dos balneários, que ficou mais parecendo um ringue. Hernâni fez impor o seu enorme físico, agarrando Quim Miguel, que se encontrava raivoso e sedento de pancadaria, pelo pescoço, e encostou-o contra uma parede de metro e meio, e falou-lhe claramente: - Ou portas-te como um homem, ou vais virar desta parede, e cais na estrada! O árbitro encontrava-se na porta do balneário, olhando para aquela confusão espantado, e dizendo: - Mas o que se passa? Porque é que eles estão assim? Eles não ganharam? Imagino se eles não ganhasse! Ia ser uma guerra! O público encontrava-se pendurado por cima do túnel, inflamados pela situação que assistiam, mas houve um que se saiu mal...e muito mal: o Matinhas! Este começou gritando o nome dos jogadores do Nespereira, dizendo em voz alta “Dá-lhe Hernâni!Dá-lhe Rique!”, com os adeptos do Boassas a verem o “caldo já entornado”, a agredirem o Matinhas, salvando-o a intervenção de Carlos “Lobo”, que abraçou Matinhas, e correndo, tirou-o do meio da fúria popular. Jorge Ramalho era outro dos alvos da fúria dos boassenses, devido ao seu estilo sério e corajoso, sem medo de ninguém, embora ninguém se tenha virado contra ele. Mas recordome, que a esposa de Jorge Ramalho, Teresa Ramalho, na altura, chegou perto do portão de acesso aos balneários, e pediu-me para trazer a ela, as chaves do Mercedes CLK, que Jorge trouxera da Suiça, temendo uma reação inconsciente do público contra Jorge, indo Jorge Ramalho connosco, na carrinha. Para facilitar as coisas, a GNR pediu reforço policial, porque viu o público imenso que aguardava a saída da equipa, ameaçando a integridade física do Nespereira. Após cerca de uma hora de espera dentro dos balneários, a equipa saiu dos balneários, em direção às carrinhas, cercado pelos efetivos da GNR. Apesar da presença da GNR, ainda ouviram-se vários insultos. Após as entradas nas carrinhas, dirigimo-nos para casa, mas não sem antes passarmos pelo Hospital de Cinfães, para sabermos como estava o Matinhas, que foi preciso ir lá, porque necessitou de levar alguns pontos na cabeça. Outro jogo desta época, que me marcou, mas por uma situação mais hilariante, foi a deslocação à Moimenta da Beira, na penúltima jornada. O Tarouquense lutava pelo 1º lugar, renhidamente com o Moimenta da Beira, e o Tarouquense só necessitava de ganhar o seu jogo, e que o Moimenta não ganhasse o jogo contra o Nespereira. Íamos para Moimenta da Beira, no mini-autocarro, conduzido pelo presidente Isidro Semblano, atravessando a serra enevoada, até que chegamos ao estádio municipal do Moimenta da Beira. Os jogadores desceram primeiramente, e se dirigiram para os balneários, seguindo os dirigentes, e então, um diretor do Moimenta da Beira, se dirigiu ao Sr. Isidro Semblano, trazendo uma carteira de cheques e uma caneta e dizendo isto, mesmo antes de dizer “Boa tarde”: - Quanto o Tarouquense vos pagou para vocês nos ganharem? Nós damos o dobro! O semblante calmo do Sr. Isidro não afetou em nada, e este, somente respondeu para o diretor: - Não se preocupe...vimos aqui para jogar! Obviamente vamos tentar vencer!- cortando a conversa, e dirigindo-se rapidamente para o balneário! Chegando ao balneário, após a palestra de Vítor Andrade aos jogadores, Isidro Semblano comentou a situação com os presentes, que não se mostraram muito espantados com a dita proposta, mas com Vítor Andrade a responder prontamente: - Nem pensar! Nós vimos aqui para ganhar! E, não ganhamos aquele jogo, porque fomos muito ineficazes no ataque, mas muito seguros na defesa, com Jorge Ramalho a fazer uma exibição fantástica, que o Nespereira perdeu apenas por 1-0, por um pênalti assinalado a Hernâni. O jogo contra o Castro Daire, em Castro Daire, também é memorável, pelo resultado inesperado que o Nespereira conseguiu, num campo considerado muito difícil por todos os adversários, até porque é um campo de extensões imensas. Ficou marcada pela chamada de Pira, para ocupar a posição de lateral-esquerdo. O Nespereira conseguiu arrancar uma vitória fantástica por 2-1, marcando Vítor Andrade o 1-0, de falta, com o Castro Daire a empatar já na segunda parte, e depois, Celso, num rápido contra-ataque conseguiu fazer o Nespereira vencer o jogo, que foi assistido por dois ex-treinadores do Nespereira: Mário João (1994-96) e Cigano (1997). Pela negativa também fica o jogo em casa, contra os Unidos de Resende/97, em que, o Nespereira está a ganhar por 4-1, ao intervalo, com golos de Mainça, Puck, Carlitos e Celso, mas na segunda parte, fraquejou e deixou fugir a vitória, permitindo que os Unidos de Resende empatassem o jogo, que acabou em 4-4.

Há detalhes muito engraçados da passagem de Vítor Andrade como treinador do Nespereira, como, ele a anunciar o “onze” inicial no quadro, e depois chamaram-lhe a atenção que ele tinha escrito ali doze jogadores, provocando o riso entre os atletas e ele mesmo. A confiança de Pepe de que ia jogar,e discutia com Sérgio Silva, que queria usar a camisa nº10, e depois acabou por ficar no “banco” de suplentes. Outro episódio caricato, foi numa ida a Sernancelhe, em que a caminho, paramos em Parada de Ester, para almoçarmos no restaurante do Sr. Urbano. O Sr. Isidro tinha encomendado lá o almoço, e, perguntou antecipadamente ao Vítor Andrade, o que queria que os jogadores almoçassem. Então, Vítor pediu que encomendasse spaghetti cozido e bifes grelhados, com salada. O Sr. Isidro encomendou isso, e, chegando lá, o Sr. Isidro pediu para os dirigentes, vitela assada com batata, arroz e salada. A acompanhar-nos ia o Sr. Carlos Duarte e Nelson Valente, que foram peregrinos de todas as saídas do Nespereira. Então, quando começaram a aparecer as travessas de comida, Hernâni Andrade, com seu jeito muito brincalhão, e fruto da sua característica de ser um “excelente garfo”, saiu de perto dos jogadores, e em tom jocoso, disse que também era diretor- e na verdade, era. Era Vice-Presidente!- e se aproximou das travessas de carne assada, não deixando o seu irmão, Vítor muito satisfeito com esta atitude. Nessa época, deram-se dois passos importantes para duas atividades que acabariam por ser abraçadas mais tardiamente pelo Nespereira FC. A primeira, no que me toca, nasce de uma situação muito caricata!Nespereira, em 2000, estava a ser visitada por um grupo de missionários que, através dos seus discursos e das suas palestras, e demonstrações de comportamentos, sem Nespereira dar conta, modificou completamente a visão do povo em relação à Igreja Católica. Bom...mas isto não tem nada a haver com futebol! Mas isto que se vai passar, sim! Então, a minha Mãe, resolveu convidar o grupo de missionários para irem comer uma feijoada à brasileira lá em casa, e, eu aproveitei, e como adoro feijoada, me empanturrei daquela maravilha no almoço. Como é hábito bem português, no final do almoço subimos aquela ladeira bastante íngreme que liga a Feira Franca de baixo à Feira Franca de cima, para nos deslocarmos ao Café Emigrante, do mais benfiquista dos donos de café eu já conheci, Armando Oliveira, para levar os visitantes a tomarem um cafezinho. Chegando lá no café, que estava cheio de clientes, vejo entrar o Artur Vieira, muito apressado, e se dirigiu ao balcão, falando com o Pepe, e quando eu me dirigia ao balcão para pagar a despesa, o mesmo se dirige a mim, e me disse: - Ó Ercílio...não te apetece ir para uma patuscada? Eu, empanturrado de uma feijoada, olhei estranhamente para ele, sorri e disse: - O que? Acabei de comer! Pelo amor de Deus! Aí Artur, explicou-me direito o que era: - Não...Arranjamos aí um joguinho em Sta. Maria da Feira, precisamos de malta, e não temos...vá lá! Até o Pepe vai! Fiquei pensativo naquela altura, se aceitava o convite, mas tive em consideração, o pedido por ter vindo do Artur Vieira, e tendo em consideração também, o grupo de ex-jogadores que, em época de Verão, nos deslocávamos no final da tarde, todas as terças e quintas, ao pavilhão de Pindelo, para jogarmos futsal, e resolvi aceitar. Fui ao campo do Olival buscar o meu equipamento de futebol, pus num saco e dirigi-me ao Café O Imigrante, onde estavam à minha espera. Dividimo-nos em três carros, e partimos em direção à Santa Maria da Feira. Chegando à Santa Maria da Feira, encontramos Bernardo, um brasileiro, residente naquele concelho, mas que exerceu a profissão de chapeiro, por muitos anos, em Nespereira. Ele nos guiou até Tarei, onde íamos jogar contra uma equipa de veteranos do Soutense. Recordo-me de chegarmos ao campo, estarmos à espera de que acabasse um jogo de juniores que ali estava tendo, enquanto isso, um dos jogadores do Soutense, começou a contar-nos o histórico deles, falando que recentemente tinham jogado com os veteranos do FC Porto, do Boavista, e eu a pensar para mim, “que cabazada que vamos levar aqui!”. Eramos onze certinhos, e aí, entramos nos balneários para nos equiparmos, quando o Artur Vieira pergunta para o Paulo Soares: - Quem vai à baliza? Tu ou o Cilo? O Paulo Soares não demonstrou muita preocupação e indicou-me para ser o guarda-redes. O “onze” era apelativo: Ercílio; Álvaro, Vilarinho (o pai), Domingos, Paulo Soares; Fernando Nésia, Toni Resende, Jorge Soares, Pepe; Artur Vieira e Tonito. As expectativas de um bom resultado eram fracas devido ao fato de sermos apenas onze jogadores, todos despreparados fisicamente, contra uma equipa cheia de jogadores, com um banco de suplentes, e muito mais entrosados que nós. Mas, lembro-me que marcamos cedo, aos 19’, com um golo nascido de uma jogada individual de Pepe. Os adversários não apertaram muito também, embora tenham enviado uma bola ao poste da minha baliza, e que apenas fiquei a olhar, nem me fazendo ao lance. Na segunda parte, a coisa mudou completamente, e, ajudados pelo cansaço físico da nossa equipa, principalmente do lado esquerdo, fomos autenticamente massacrados, e refiro, que de todos os jogos que já realizei, este talvez terá sido o mais bem sucedido, porque consegui fazer defesas, que nem os meus colegas esperavam, nem mesmo eu. Guardando na lembrança uma defesa, em que, num pontapé de canto, a bola cruzou a área toda, surge um adversário que rematou cruzado, eu me fiz à bola, e consegui defender, mas com a bola ressaltando para o outro lado, tendo havido um outro adversário que tentou chutar a bola em jeito, e eu, consegui me levantar, e fui buscar a bola no cantinho, desviando para canto, me perguntando até hoje, como consegui defender aquela bola, que irritou imensamente os jogadores do Soutense. O resultado final foi de 1-1, terminando o jogo num restaurante perto dali, onde fezse um convívio muito salutar. Aqui nasceu a base dos atuais veteranos do Nespereira FC! Pois, este tipo de jogos com convívios eram aliciantes, e chamaram a atenção de Isidro Semblano e Hernâni Andrade, que logo montaram um esquema para regularizar a equipa de veteranos do Nespereira. A segunda, foi a minha persistência em fazer a equipa feminina de futebol. Quando os infantis começaram a chegar ao final do campeonato, eu abordei o Sr. Isidro Semblano, e questionei-o se poderia fazer um treino com as raparigas, nas quartas-feiras de tarde, depois que acabasse o campeonato dos infantis. Ele não se opôs, e me autorizou. Aí, começaram os primeiros treinos da equipa feminina de Nespereira, que treinou cerca de dois meses, antes de ter o seu primeiro jogo, em Travanca, num mini-torneio, que ganhamos por 5-2, com 2 golos da Vera Pinto, 2 da Cristiana e um da Célia. Aqui começou a base da equipa feminina. Elas eram treinadas por mim, e pelo meu auxiliar, o Daniel “Vilarinho”, que muito me ajudou na preparação física delas. Após uma época que o Nespereira conseguiu subir novamente na tabela, acabando em7º lugar, com Carlitos se revelando como o goleador da equipa, com 8 golos na época, seguido de Mainça, com 7.

JOGOS

  • Nespereira F.C.- Boassas 6-0 (Celso, Toninho Dias,Puck, Sérgio, Carlitos-2)

  • U.Resende- Nespereira 3-1 (Carlitos)

  • Nespereira-Resende 4-0 (Sérgio-2, Carlitos, Celso)

  • Armamar-Nespereira 1-1 (Pereira)

  • Nespereira-Sernancelhe 2-0 (Carlitos, Nuno Cardoso)

  • Nespereira-Moimenta da Beira 0-1

  • Castro Daire- Nespereira 1-2 (Vítor Andrade, Celso)

  • Lamelas-Nespereira 1-0

  • Nespereira-Tarouquense 2-3 (Paulo Pereira a.g., Vítor Andrade)

  • Arguedeira-Nespereira 4-1 (Celso)

  • Nespereira-Pesqueira 4-1 (Toninho Dias-2, Sérgio, Carlitos)

  • Santacruzense- Nespereira 4-0

  • Nespereira- São Martinho Mouros 4-2 (Toninho Dias, Vítor Andrade, Carlitos, Vítor Oliveira)

  • Boassas- Nespereira 4-1 (Toninho Dias)

  • Nespereira-Unidos Resende 4-4 (Toninho Dias, Puck, Carlitos, Celso)

  • Nespereira- Armamar 3-2 (Sérgio, Carlitos, Vítor Andrade)

  • Sernancelhe- Nespereira 2-0

  • Moimenta da Beira- Nespereira 2-0

  • Nespereira- Lamelas 4-0 (Celso-2, Toninho Dias, Vítor Andrade)

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